O governo anunciou ontem à noite um conjunto de propostas para tentar colocar um ponto final na greve de caminhoneiros, que chegou a bloquear rodovias em 12 Estados, com riscos para o abastecimento e impacto no setor produtivo.

O pacote inclui a garantia de que o diesel não será reajustado nos próximos seis meses, além de carência em contratos de financiamento com o BNDES. A manutenção das propostas está condicionada ao fim do movimento, que completou uma semana.

O governo cedeu no congelamento do preço do diesel. Mais cedo, em Feira de Santana (BA), a presidente Dilma Rousseff afirmou que não tinha "nenhum" aumento previsto para combustível. Mas ressaltou que o governo não teria como reduzir a tarifa, a despeito da paralisação dos caminhoneiros.

Ao divulgar as propostas - que aguardam uma resposta das lideranças dos caminhoneiros -, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, coordenador das negociações, disse que o governo está "confiante numa resposta positiva sobre o fim do movimento". Ele reforçou que o interesse é a "imediata retomada da normalidade" nas rodovias.

Sobre a manutenção do preço do diesel pelos próximos seis meses, Rossetto disse que o governo se baseou em informações da Petrobras, que se vale de seus "referenciais de preços".

Outra proposta é a sanção imediata, sem vetos, da Lei do Caminhoneiro. Um dos itens é a liberação do pedágio para caminhões que trafegarem vazios e com os eixos suspensos. O governo também concederá uma carência de 12 meses, para contratos novos e antigos, de financiamentos para aquisição de caminhões e peças. São contratos dos programas Procaminhoneiro, linha do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), e Finame, ambos vinculados ao BNDES.

Também faz parte do pacote a instalação de uma mesa permanente de diálogo, com representantes dos caminhoneiros e empresários, coordenada pelo Ministério dos Transportes, para estimular a elaboração de uma tabela referencial de fretes.

O governo promoveu ontem uma rodada de reuniões com lideranças dos caminhoneiros e empresários, que começou no Palácio do Planalto e prosseguiu no Ministério dos Transportes. A tropa de choque das negociações foi formada, além de Rossetto, pelos ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante, da Agricultura, Kátia Abreu, e dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues. No início da noite, e antes do anúncio das propostas, Rossetto apresentou um balanço das conversas em reunião fechada, que não constou da agenda oficial, com a presidente Dilma.

O Valor apurou que Mercadante recebeu representantes das tradings fora da agenda oficial pela manhã. Representantes dos grupos Bunge, ADM e Cargill reuniram-se com o chefe da Casa Civil, junto com Rodrigues e Kátia Abreu.

Ontem a Advocacia-Geral da União (AGU) anunciou que já obteve a liberação de rodovias, por ordem judicial, em nove Estados, inclusive São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

Por: Andrea Jubé, Murillo Camarotto e Bruno Peres

Fonte: Valor Econômico