Com clima quente e seco em boa
parte do país, a colheita da safra brasileira
de soja 2014/15 chegou a 3% nesta sexta (23),
em linha com o ano passado e a média
de cinco anos. Apesar da ocorrência
de chuvas durante a
semana, os volumes foram insuficientes
para normalizar a
umidade do solo em pontos
do Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste,
e os prejuízos já começam
a ser contabilizados. Por isso, a estimativa
de produção da AgRural,
de 95 milhões de toneladas, deve
cair na revisão de fevereiro.
No sudoeste de Goiás, as pancadas
esparsas desta semana chegaram tarde para
alguns. Em Rio Verde, as primeiras áreas
estão com bom rendimento, mas parte da safra
foi semeada no começo de novembro e
ainda está em fase reprodutiva, quando o estresse
hídrico provoca perdas de produtividade.
No entorno de Brasília,
as chuvas foram localizadas
e estima-se perda de
duas sacas por hectare.
Em Minas Gerais, volumes
foram registrados na região
do Triângulo, mas a umidade
não é suficiente para reverter as
perdas, estimadas em até 15%.
Em Uberlândia, há casos de abortamento
de flores e vagens. Em Unaí,
os produtores ainda esperam pela chuva
que não veio. No norte de São Paulo, a
estiagem preocupa, mas no sul a umidade
do solo ainda é boa.
No Piauí e na Bahia, choveu após
longo período de estiagem, mas os volumes
foram pequenos. Em Uruçuí (PI), há abortamento
de flores em áreas que ficaram 25
dias sem precipitações. Alguns falam em
quebra de até 30%. No oeste baiano, a seca
pegou grande parte das lavouras entrando
em fase reprodutiva e algumas perdas já
são irreversíveis. Tocantins e Maranhão,
em contrapartida, contam com boa umidade.
MT, MS e Sul do país
Apesar do atraso no plantio, Mato
Grosso já tem 7% de sua área colhida, em
linha com o ano passado e pouca coisa
abaixo dos 8% da média de cinco anos.
Mais chuvas seriam bem-vindas no oeste e
no leste pela soja que ainda está enchendo
grãos. No médio-norte, alguns talhões em
Sorriso devem perder em média 1 saca por
hectare por estiagem. No sul, os produtores
torcem por mais chuva para garantir
uma boa safra.
Em Mato Grosso do Sul, que colheu
2%, pancadas isoladas foram registradas,
mas as temperaturas elevadas tiram a
umidade do solo rapidamente. Na região de
Dourados, aproximadamente 60% das lavouras
estão em enchimento de grãos, e alguns
começam a calcular perdas devido à seca.
No Sul do país, o clima segue favorável.
No Paraná, a colheita está em 5% e
apenas a região norte necessita de chuva.
Em Santa Catarina e Rio Grande do Sul,
as lavouras têm bom potencial.
Por Fernando Muraro Jr., Adriano Gomes, Daniele Siqueira e Valéria Bini