Contrariando as expectativas do mercado, os futuros da soja subiram ontem pela segunda sessão consecutiva na Bolsa de Chicago (CBOT). A alta do petróleo e a desvalorização do dólar ante as principais moedas deram sustentação ainda que o avanço da colheita nos Estados Unidos e a perspectiva de maior produtividade tendem a limitar novas valorizações. O contrato com vencimento em novembro subiu 3,75 cents (0,42%) e terminou em US$ 8,88 por bushel.
"O mercado esperava uma reversão de tendência, que acontece tradicionalmente às terças-feiras (turnaround Tuesday), mas esta sequência lógica foi ignorada e outros fundamentos passaram a ser monitorados", observou a analista Andrea Cordeiro, da Labhoro. O dólar no exterior se enfraqueceu com a expectativa de que o Federal Reserve demore mais a elevar os juros dos Estados Unidos. Já os preços do petróleo avançaram com força depois de a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) informar cortes nos investimentos globais no setor e de o Departamento de Energia dos EUA (DoE) apontar queda na produção norte-americana em setembro.
Paralelamente, participantes continuam ajustando posições antes do relatório mensal de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), que sai na sexta-feira (9). Há expectativa de uma nova redução na estimativa de área plantada no país. Por outro lado, analistas esperam que a perspectiva de rendimento seja elevada. Consultores apontam para uma estimativa entre 47,3 e 47,5 bushels por acre (3,18 e 3,19 t/ha). Em setembro, o USDA previa produtividade de 46,9 bushels por acre (3,15 t/ha).
O clima deve seguir favorável para a colheita nos Estados Unidos, sem risco de muita umidade que possa atrapalhar os trabalhos. De acordo com dados da agência norte-americana NOAA, para os próximos sete dias o acumulado das chuvas não deve ultrapassar os 20 milímetros. Fora isso, produtores continuam mencionando rendimentos acima da expectativa, incluindo Indiana e Ohio, estados onde o clima foi mais seco nos últimos dois meses.
Já no Brasil há necessidade de mais umidade para o início do plantio da safra 2015/16 e a ausência dela está no radar dos participantes do mercado. Agricultores de Mato Grosso monitoram os dados climáticos para iniciar o plantio e as condições ainda não são as ideais. "Normalmente o mercado tolera uma semana de atraso, mas já passou mais de 20 dias do fim do vazio sanitário no Estado e isto começa a preocupar o mercado", disse a analista da Labhoro. Segundo o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), até o dia 1º de outubro o plantio da safra 2015/16 alcançava 1,67% da área prevista. Há um ano, 4,55% da safra havia sido semeada. O instituto prevê área de 9,203 milhões de hectares no atual ciclo.
Ontem, a consultoria Céleres reafirmou, em seu 3º levantamento da safra 2015/16, expectativa de que sejam semeados no Brasil com soja 32,2 milhões de hectares, com produtividade de 3,02 toneladas por hectare e produção de 97,08 milhões de toneladas. Em todo o País, a Céleres aponta que o plantio atingiu até a última sexta-feira (2) 3% da área projetada. A consultoria revisou para cima sua estimativa para as exportações brasileiras de soja em 2015 para 50,7 milhões t.
Fonte: Agencia Estado